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MikroDisc: Um "MD-Player" desenvolvido pela Telefunken na década de 70


 

 

Super-Foto

 

Matéria publicada na revista Somtrês nº39 de MAR/1982 sobre o 

MINI DISK (ou MIKRO DISK) da Telefunken, com uma "nova" tecnologia

que já estava em desenvolvimento desde 1972. Nascia então um MD-Player 

com codificação digital, baseado na leitura analógica de um mini disco de vinil!

 


 

 

UM NOVO DISCO DIGITAL

por Gabriel Almog

MAR/1982

 

Às vezes, as idéias mais simples são também as mais brilhantes. Isto já foi provado em 1960, com o lançamento do sistema cassete pela Philips e, novamente, em 79, pela introdução do seu Compact Disc (CD), o disco digital de quatro polegadas e meia que proporciona uma hora de música (de cada lado) de altíssima fidelidade. Este sistema - que utiliza, ao invés de uma agulha, um raio laser - foi amplamente comentado já na SOMTRÊS nº 6, em junho de 1979.

 

Nos dois últimos anos, este sistema, apesar de não atingir ainda o mercado consumidor, vem sendo adotado pela Sony, Studer/Revox e, ultimamente também pela Matsushita, possuidora das marcas Panasonic e Technics.

 

Mas, neste meio tempo, apareceram outras marcas com discos de áudio digital, todas elas viáveis pelo menos na opinião dos seus criadores. De todas estas concorrentes ao mercado do disco de áudio digital, talvez a mais promissora, depois da Philips, parece ser a JVC, que lançou o sistema chamado Audio High Density (AHD), como subproduto do seu disco de vídeo, chamado Video High Density (VHD). O sistema, que utiliza um sensor capacitivo, teve sua principal cotação devido compatibilidade do disco de áudio (AHD) e o de vídeo (VHD), que utilizam a mesma máquina para a reprodução.

 

SURPRESA

 

De repente, em fins de 1980, o pessoal atento a evolução do mercado japonês de áudio ficou intrigado com um artigo publicado na revista Dempa Shimbun, no qual um comitê patrocinado pelo governo japonês divulgava as suas recomendações para a adoção de um padrão para o disco de áudio digital. Em seus estudos, o comitê estreitou as possibilidades de padronização para três concorrentes. Dois deles já eram familiares e até esperados: o Compact Disc de quatro polegadas e meia desenvolvido pela Philips; e o Audio High Density (AHD) desenvolvido pela JVC. Mas o terceiro classificado, até então desconhecido, despertou logo a atenção. Tratava-se do Minidisk e do Mikrodisk (MD) da Telefunken alemã apresentado ao comitê alguns dias antes do seu parecer.

 

De um dia para outro, o disco MD, que até então era considerado um dos inúmeros protótipos sem nenhuma divulgação ou importância comercial (comparado ao poder de comercialização de marcas como a Sony, Matsushita e JVC), adquiriu uma significância estratégica e passou a despertar a atenção dos maiores fabricantes de áudio do mundo.

 

O PROJETO

 

O MD é o resultado de dez anos de desenvolvimento de um projeto de cooperação entre a Telefunken e a Teldec, subsidiária da Decca. A premissa básica que orientou o pessoal de desenvolvimento, chefiado pelo engenheiro Horst Redlich da Telefunken, foi a criação de um sistema de codificação digital de baixo custo, que pudesse competir com os preços atuais dos sistemas analógicos, tanto no que se refere ao aparelho de reprodução como ao próprio disco.

 

Para isso, a solução adotada foi um simples sistema mecânico composto de um disco de vinil, igual aos discos atuais, todavia em tamanhos reduzidos. O Minidisk, que proporciona uma hora de gravação estereofônica por lado, vem com o diâmetro de 135 milímetros (5.3 polegadas); e o Mikrodisk, análogo ao disco compacto, tem o diâmetro de 75 milímetros e proporciona dez minutos de gravação estéreo por lado. Os dois formatos dos discos MD vêm dentro de um invólucro de proteção parecido com um cartucho, para prevenir a superfície de danos ou contaminação E, obviamente, ambos os formatos são reproduzidos no mesmo aparelho.

 

A "cápsula" do sistema MD é do tipo piezoelétrico, utilizando um transdutor cerâmico equipado com uma agulha de diamante, suspensa por um cantilever relativamente comprido.

 

A modulação nos sulcos, ao contrário dos discos analógicos, é vertical em forma de picos e vales. Os sulcos têm o formato espiral, começando na extremidade do disco e terminando no centro, o que também implica num sistema de rastreamento simples, parecido com o método atual.

 

Do ponto de vista eletrônico os discos MD utilizam a técnica de codificação linear de 14 bits, com um sistema de correção de erro elaborado, o que teoricamente proporciona uma relação sinal/ruído de 85 dB, perfeitamente competitivo com os sistemas da Philips e da JVC. Também como seus concorrentes, o sistema MD permite acesso aleatório a qualquer ponto no disco, com pausa, repetição, etc., programáveis a partir de um teclado eletrônico.

 

O corte das madres para o sistema MD é um pouco diferente do sistema convencional. A madre é de cobre e a agulha de corte não é aquecida ao entalhar os vales e os picos nos sulcos. Por outro lado, a prensagem dos discos finais utiliza o método usual, inclusive no que se refere à matéria-prima do disco, com uma vantagem ainda: a cada ciclo de prensagem, uma máquina normal de LPs pode prensar três Minidisk ou Seis Mikrodisk, o que reduz o custo básico de produção a um valor abaixo daquele considerado normalmente para a disco analógico.

 

POSSIBILIDADES

 

Um dos pontos que a Philips mencionou ao lançar seu Compact Disc foi sua compatibilidade com equipamentos portáteis e principalmente para automóveis, devido ao sistema de rastreamento sem contato físico. Obviamente, este argumento só pode ser considerado daqui dez ou quinze anos, após as indústrias já terem concordado sobre um padrão único e o custo tecnológico reduzido a um nível acessível à grande massa consumidora. Portanto, a discussão atual sobre o êxito dos três sistemas mais viáveis independe deste tipo de vantagens.

 

Na verdade, ninguém consegue prever quais serão as chances de indicação do sistema MD da Telefunken como o preferido pelo comitê japonês, mas a maioria dos observadores industriais concorda que ele será o menos favorecido dos três, apesar da sua praticidade e baixo custo. Isto se deve principalmente a fatores de poderio comercial, que colocam, pelo menos no âmbito europeu, a Philips como a mais proeminente indústria.

 

Isto, forçosamente, impôe uma preferência das outras indústrias européias e inglesas em aderir ao padrão da Philips, sem mais considerações técnicas de desempenho ou custo. Sem falar da crescente adesão ao sistema da Philips de indústrias japonesas lideradas pela Matsushita e pela Sony, o que reduz substancialmente as chances da Telefunken.

 

A JVC, por outro lado, tem alguns pontos a favor do seu sistema AHD. Não necessariamente do ponto de vista técnico ou econômico. A verdade é que o seu videodisco VHD está sendo considerado seriamente para o mercado doméstico japonês. Por tabela, e se tiver o êxito esperado, o sistema AHD, que utiliza para reprodução o mesmo aparelho do VHD, poderá se tornar bastante popular.

 

Na minha opinião, a idéia do sistema MD é brilhante, simples, prática e, sobretudo, econômica. Mas nem por isto seu êxito garantido. Inclusive por causa da defasagem do seu lançamento em relação ao sistema da Philips, o que implica, agora, em vencer acordos de fabricação já adotados, principalmente por empresas poderosas. Talvez suas chances possam aumentar se estas mesmas poderosas empresas entrarem num conflito de acordos ou de padrões, como já aconteceu várias vezes no passado, abrindo, então, caminho para a idéia da Telefunken.

 

Entretanto, esta preocupação está ainda por vir, pois a adoção do sistema digital para discos ainda implica na modificação de toda uma indústria de gravação e de prensagem, sem falar dos grandes investimentos em coleções dos discos analógicos, que terão que justificar uma vida útil de - pelo menos - uma década.

 


Texto: por Gabriel Almog, seção ABC do Som, revista SOMTRÊS nº 39 (MAR/1982)

 

Clique abaixo para ver os textos originais:

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